14 de outubro de 2011

Condição humana

«É a fraqueza do homem que o torna sociável; são as nossas misérias comuns que inclinam os nossos corações à humanidade; se não fôssemos homens, nada deveríamos. O apego é sempre sinal de insuficiência: se cada um de nós não tivesse necessidade alguma dos restantes, nem sequer pensaria em unir-se com eles. Assim é da nossa própria carência que nasce a nossa frágil ventura. Um ser verdadeiramente feliz é um ser solitário: só Deus goza de uma felicidade absoluta; mas quem de entre nós tem ideia do que seja semelhante coisa? Se alguém, sendo um ser imperfeito, pudesse bastar-se a si próprio, de que gozaria, segundo o que nos parece? Estaria só, seria infeliz. Não concebo que quem não tem necessidade de nada possa amar alguma coisa: e não concebo que quem nada ame possa ser feliz» (Jean-Jacques Rousseau, Emílio).

Savater, Fernando (1998). Ética para um Jovem. Lisboa: Editorial Presença, 69





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